A aventura napoleónica na Península Ibérica correspondeu a uma fase decisiva da estratégia de Bonaparte para dominar uma Europa cada vez mais submetida aos seus desígnios. Esse conflito pode ser entendido e estudado em múltiplas perspectivas: numa dimensão europeia e atlântica, como parte das chamadas Guerras Napoleónicas, reflexo do expan¬sionismo francês decorrente da Revolução, continuado pelo projecto de Bonaparte, e da luta entre a França e a Grã-Bretanha pela hegemonia no velho Continente; numa dimensão peninsular, em que a guerra de desen¬rola num terreno que é a Península Ibérica e as operações militares não são limitadas pelas fronteiras; numa dimensão nacional, em que, apesar das coincidências e do que existe de comum e de concertado, ocorreram processos distintos em Portugal e em Espanha; numa dimensão regional, que tem sido muito estudada em Espanha e produzido numerosos estudos que ajudam a compreender a globalidade do fenómeno.

Duzentos anos depois, lancemos um olhar sobre esse período con¬turbado da nossa História, que ficou conhecido por várias designações: Invasões Francesas, Guerra Peninsular, Guerra da Península, Guerra da Independência

O X Curso de Verão da Ericeira não podia deixar de ser consagrado a essa efeméride, não com o objectivo de uma mera comemoração, que seria por si só inconsequente, mas com o propósito de reflectir sobre os acontecimentos e as suas consequências: as invasões, a partida da Família Real para o Brasil, a guerra, as novas ideias. . .